Quando, quanto e como voltaremos

Nosso setor perde espaço para outros modelos muito mais jovens e ágeis. Muitos dos conceitos ou das estruturas que nos deixam lentos, contratos, regulamentações, estruturas físicas, terminais, vias, financiamentos, sofrerão modificações significativas

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Não é por coincidência que me refiro as medidas pós COVID-19 como o novo plano Marshall, concebido com o desafio de recuperar a Europa fisicamente, economicamente e moralmente, pós Segunda Guerra.

Felizmente, não temos o desafio físico, mas o econômico e o mental são gigantescos. Desnecessário descrever aqui o econômico de um setor que operava, muitas vezes, sendo salvo pelo fluxo de caixa e que agora tem as atividades interrompidas abruptamente e seus compromissos não.

Prefiro discorrer sobre o desafio mental, o de recriar (não somente repensar) a operação dentro e fora das garagens.

As grandes mudanças externas, de como nossos clientes vão se relacionar com o trabalho, com os amigos e com o lazer, é que nos orientarão de como será o novo transporte, como devemos nos adaptar para transportá-los. Não sejamos petulantes em querer apresentar um novo plano de mobilidade, para que os passageiros os utilizem, somos coadjuvantes.

Quanto mais rápido estudarmos e entendermos as novas relações, mais teremos a oportunidade de nos adaptar para servir o passageiro. O transporte é um gigante, mas precisa ter velocidade e agilidade. Encaremos a realidade pós COVID como uma grande perspectiva para o setor. Como haverá novas necessidades, imprecisas no momento, seria como se partíssemos do zero, nivelando a todos e nos trazendo a oportunidade de sermos mais úteis e recuperarmos (ou perdermos menos) nossos clientes.

Internamente, os processos também mudarão, imaginar como gostaríamos de ser se tivéssemos criando uma nova empresa é um excelente exercício. Recriar os modelos de relacionamento com os colaboradores e, principalmente, questionar a necessidade de procedimentos e tarefas, não somente para tornar a empresa mais enxuta e econômica, mas, principalmente, mais ágil. Teremos que encontrar formas muito melhor de fazer as mesmas tarefas, isso se estas forem realmente produtivas e/ou necessária para a empresa.

Nosso setor perde espaço para outros modelos muito mais jovens e ágeis. Muitos dos conceitos ou das estruturas que nos deixam lentos, contratos, regulamentações, estruturas físicas, terminais, vias, financiamentos, sofrerão modificações significativas. Nosso desafio é, também, dar velocidade nessas modificações.

Velocidade, talvez, será a palavra de ordem pós COVID. Velocidade para percebermos as tendências, velocidade para descobrirmos as soluções e velocidade para coloca-las em prática.

Que sejamos inspirados pelo protagonista da antiga série americana O Homem de Seis Milhões de Dólares, Steve Austin, que depois de um acidente quase fatal se torna “melhor, mais forte e mais rápido”.

Por Gelson Forlin – engenheiro mecânico e Diretor Executivo da Transporte Coletivo Glória, de Curitiba (PR)

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