Volvo Euro VI em Santiago

A Volvo entende que os motores a diesel continuam sendo a melhor opção para transportes de alta demanda, como o que temos na América Latina

Recentemente, a capital chilena Santiago incorporou em seu sistema de transporte coletivo RED 120 novos ônibus com chassis Volvo. Os veículos são equipados com motorização Euro VI, em atendimento à norma mais rigorosa quanto a redução das emissões poluentes. O chassi em questão negociado para a cidade é o modelo B8R (chamado no Brasil de B250R), que traz o que há de mais avançado em eletrônica embarcada, sendo equipado com sistema de freios eletrônicos a disco, suspensão eletrônica, sistema de gerenciamento de frotas Volvo (Fleet Managment) e I-Coaching (treinador virtual de motoristas) e controle automático de velocidade Volvo, dispositivo que usa a conectividade por GPS para identificar trechos críticos, com altos índices de acidentes, e limitar a velocidade máxima independente da ação do motorista.

Santiago tem frota de 6.700 ônibus, sendo 2.800 da marca Volvo. A revista AutoBus conversou por e-mail com Alexandre Parker, diretor de Responsabilidade Social e Corporativa do Grupo Volvo América Latina, sobre o tema da tecnologia mais avançada para motores diesel de veículos comerciais.

Revista AutoBus – Quais são os componentes instalados para o atendimento da norma Euro VI na cidade de Santiago? Se essa tecnologia aumenta o custo do chassi, seu consumo e o peso do mesmo?

Alexandre Parker – A tecnologia base dos motores Euro VI segue os mesmos padrões da geração atual Euro V, que já é bastante avançada. Permanece a necessidade de pós-tratamento dos gases, havendo alteração do software de controle e, também, diversos componentes para atender a exigência por emissões menores, com impacto positivo também em consumo de combustível. Muda também o sistema de monitoramento de emissões, que segue protocolos mais rígidos. Há algum impacto no peso do chassi. Como em toda nova tecnologia, há um aumento de custos, compensado, em parte, pelos ganhos ambientais e em consumo de combustível.

AutoBus – Na visão da Volvo, que aboliu a motorização a diesel no mercado Europeu, atender aos mercados que ainda não adotam a norma Euro VI, traz uma chance especial de contribuir com a redução da poluição vinda dos sistemas de transporte?

Parker – Na Europa, as demandas dos sistemas de transporte são muito distintas daquelas que vemos em outras regiões do mundo. Lá, a quantidade de passageiros por veículo é menor, as rotas são mais curtas, o pavimento tem qualidade superior, as velocidades médias são mais baixas, dentre outros fatores. Isso tem permitido a introdução gradual de soluções eletrificadas, com ônibus híbridos e elétricos, em um ambiente controlado – rotas pré-definidas etc.

Mas a Volvo entende que os motores a diesel continuam sendo a melhor opção para transportes de alta demanda, como o que temos na América Latina. Aqui, onde o ônibus é a solução mais acessível, motores diesel de baixas emissões são a tecnologia que melhor atende às demandas de transporte em massa, especialmente em BRTs, (corredores Trânsito Rápido de Ônibus) com o menor impacto ambiental possível.

Vale lembrar que ainda há muitos ônibus Euro III, Euro II e até inferiores em circulação no continente. Para ganhos ambientais efetivos e acessíveis, melhor seria a renovação dessa frota antiga por ônibus diesel modernos, que poderia ser naturalmente fomentada pela inspeção veicular. Ela permite que os veículos mais antigos permaneçam seguros e com emissões conforme saíram de fábrica. Para comparação, os ônibus Euro V atuais emitem até 80% menos material particulados do que esses modelos antigos.

Volvo Euro VI em Santiago
Alexandre Parker, do Grupo Volvo

AutoBus – Vemos que Santiago teve a iniciativa de promover a mais atual norma como forma de mitigar os poluentes locais. E a cidade realiza um processo de licitação para renovar sua frota de ônibus. Com certeza, a Volvo está participando para disponibilizar seus produtos, correto? Quais suas estratégias nesse aspecto?

Parker – Sim, a Volvo acompanha atentamente esse movimento. Conhecemos muito bem a alta exigência do transporte de Santiago. Temos cerca de 60% de participação na frota de ônibus pesados da cidade, com mais de 2.800 ônibus em circulação. Temos os melhores veículos e serviços para garantir a melhor experiência de mobilidade aos passageiros e o melhor retorno operacional aos nossos clientes. Somos líderes em veículos de grande capacidade em toda a América Latina.

AutoBus – Para o Brasil, que ainda adotará essa legislação em 2023, os ganhos ambientais serão expressivos? Na opinião da montadora, não estamos atrasados quanto a reduzir esse impacto negativo causado pela emissão dos gases do transporte?

Parker – Não estamos atrasados. A introdução da norma Euro VI no Brasil atende a um cronograma viável para o País, considerando fatores como índice de conteúdo local (essencial para linhas de financiamento competitivas), disponibilidade de combustível adequado e testes de acordo com a realidade do transporte local, entre outros.

É certo que, quando a Euro VI chegar, os motores movidos a diesel ficarão ainda mais limpos. Mas, para ganhos ambientais imediatos e efetivos, uma boa medida seria implementar a inspeção veicular e promover a gradual substituição dos antigos veículos Euro II e Euro III ainda em circulação por aqui.

Imagens – Volvo Bus e Ministério dos Transportes e Telecomunicações do Chile

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