Tempo perdido

Parece que estamos alheios às transformações que acontecem pelo mundo. Não será possível, num simples estalar de dedos, proporcionar uma substituição do diesel por outra versão de combustível/tração

O Brasil é signatário do Acordo de Paris, estabelecido em 2015. Isso significa que o País se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025. Em 2030, esse volume alcançará 43% abaixo dos níveis de 2005. Será um avanço e tanto. Porém, parece que ainda estamos parados no tempo, sem propormos ações e medidas que corroborem com o nosso compromisso internacional.

Vemos que a devastação da floresta amazônica continua em grandes proporções e a poluição vinda de diversos setores mantém-se em níveis bem elevados, só para citar dois fatores que contribuem negativamente com a causa ambiental. No tocante a mobilidade urbana, causadora de um malefício que atinge todos os habitantes das grandes cidades, há um grande questionamento sobre que tipos de tecnologias serão utilizados e como serão aplicados para combater um agente que age silenciosamente na saúde pública e que provoca um estrago de ordem expressiva. 

Como o transporte coletivo é a praia desta revista, vamos abordar o tema para chegarmos à alguma conclusão. O ônibus é o principal meio de locomoção coletiva no cenário urbano brasileiro e o diesel reina absoluto na matriz energética do modal. Em relação à tração alternativa ao combustível, contamos nos dedos (de apenas uma mão) os exemplos que substituem o motor de combustão por um modelo mais limpo (propulsor elétrico).

O mundo vive um momento de transição e implantar mudanças é uma necessidade neste período. Qual será a proposta brasileira quando a pergunta é – os serviços de ônibus urbanos vão se adequar à uma nova realidade livre do carbono? A tendência diz que sim. Mas, quando será dada a largada comercial?

Já vemos algumas cidades operando ônibus movidos a eletricidade, com baterias. É a eletromobilidade movendo-se em direção à sustentabilidade ambiental. Só que ainda é uma experiência ínfima, sem ser desconsiderada, é claro. Entretanto, temos que pensar em algo mais amplo, que permita conhecer todos os contornos dos conceitos que favorecem a redução das emissões poluentes.

Há pouco tempo, a América começou a se tornar a oportunidade para a eletromobilidade no transporte coletivo, com iniciativas de alguns países preocupados com a contaminação do ar urbano. São projetos e políticas públicas instituídas para incentivar a entrada da tração limpa nos sistemas de ônibus.

E o Brasil, como fica nisso? Faltam-nos programas governamentais para fomentar as novas tecnologias limpas, sem o direcionamento para apenas um modelo de tração. Temos que conhecer as variações de combustíveis e os tipos de propulsões (com os prós e os contras) por meio de avaliações e testes reais e não somente em bancadas, o que nos dará a chance de resgatar o tempo perdido.

Parece que estamos alheios às transformações que acontecem pelo mundo. Não será possível, num simples estalar de dedos, proporcionar uma substituição do diesel por outra versão de combustível/tração sem atentarmos para vários aspectos envolvidos nessa revolução. Nosso olhar precisa estar voltado para respostas quanto aos custos de implementação da tecnologia, do uso de recursos naturais, do investimento de uma rede específica de abastecimento seja de eletricidade ou de outro combustível, quais serão os benefícios tecnológicos. Para isso, devemos contar com a sinergia entre poder público, universidades, operadores do transporte, fabricantes das tecnologias e especialistas para obtermos resultados positivos quanto a uma mobilidade não poluente.

O futuro, que nos bate a porta, exige medidas equilibradas e em consenso com o meio ambiente. Os países desenvolvidos já caminham a passos largos nessa direção. Será que teremos fôlego para acompanhá-los?

Imagem – Reprodução (VanHool)

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