Segmento desafiador

Há um setor na economia brasileira que briga constantemente com o equilíbrio em suas operações. Trata-se do transporte feito pelo ônibus, dividido em dois segmentos – rodoviário e urbano -, com seus vários aspectos competitivos e altamente instigantes.

Em uma roda de conversa promovida pela montadora Scania Brasil, dois importantes representantes da operação brasileira de ônibus foram convidados para contarem um pouco de seus cotidianos e seus principais desafios. Maurício Gulin, presidente da Viação Cidade Sorriso (operadora curitibana) e do Sindicato das Empresas de Ônibus e Região Metropolitana (Setransp), de Curitiba, e Fernando Guimarães, diretor executivo do Grupo JCA, do Rio de Janeiro, com foco no transporte rodoviário de passageiros, relataram suas relações com a montadora no sentido de ter veículos, tecnologias e serviços objetivando uma operação eficiente e rentável.

Gulin contou que a aproximação da transportadora e a montadora teve seu ápice em 2014, quando do desenvolvimento e apresentação do primeiro chassi biarticulado projetado pela marca para o mercado brasileiro. “Já conhecíamos outros produtos da Scania e naquele momento tivemos a oportunidade de focarmos em outra opção nessa versão de chassi para abrir o mercado local”, disse o empresário. Ainda, segundo ele, a engenharia da Scania ouviu atentamente as necessidades dos operadores quanto a um novo veículo de grande porte, visando a operação nas conhecidas canaletas curitibanas. “O protótipo do biarticulado da Scania foi avaliado e testado por nós, tendo sido homologado para o sistema local no final de 2018. Isso para nós foi um grande avanço, tanto é que adquirimos as primeiras seis unidades, além do protótipo, que estarão em operação ainda no primeiro semestre de 2019”, observou Gulin.

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Maurício Gulin

Dentre os problemas enfrentados pelos sistemas de transporte coletivo, a questão das tarifas tem sido uma verdadeira dor de cabeça para o operador. “A discussão sobre os aumentos das tarifas envolve os contratos estabelecidos entre os poderes públicos e os operadores e em muitos casos vai parar na justiça, que determina, por meio de liminares, sua suspensão. Com isso, acarreta um desequilíbrio financeiro e consequentemente não há renovação da frota”, destacou Gulin.

A gestão da operação também foi comentada pelo presidente da Viação Cidade Sorriso. Segundo ele, há cinco anos a prefeitura curitibana não investe em infraestrutura, prejudicando as operações do transporte coletivo. “Fala-se muito em tarifa da passagem e concessão, mas o essencial é discutir a gestão da cidade. O modelo de transporte urbano de Curitiba foi copiado por Bogotá, na Colômbia, mas se a cidade não tem atualmente ruas em boas condições para o tráfego de ônibus, não adianta cobrar o operador. Reformar as canaletas para aumentar a fluidez do trânsito, instalar faixas exclusivas dos ônibus e reformular as estações tubo (do sistema BRT) devem ser prioridades em Curitiba”, explicou o executivo.

Operação estradeira

No tocante ao transporte rodoviário, Fernando Guimarães disse que a história entre a Scania e o Grupo JCA é bem antiga e de sucesso. A frota do grupo é de 2.200 ônibus, sendo 1.700 rodoviários. Somente em 2018 foram adquiridos 200 chassis, 100% Scania. “Um terço de nossa frota é Scania, o que mostra uma relação bem saudável entre nós. Temos loja Scania de peças em nossa estrutura para agilizar a operação, fazendo com que haja menor custo na manutenção e reduza os intervalos de paradas para os reparos”.

Valorizar o quadro dos motoristas também é essencial na filosofia administrativa do Grupo JCA, oferecendo para isso melhores condições de trabalho. “Com o mercado cada vez mais competitivo, devemos levar em conta detalhes como o tempo de descanso do motorista, a remuneração variável e alojamentos confortáveis. Tudo para que eles tenham motivação e desenvolvam suas carreiras dentro da empresa. Se não valorizarmos agora, não haverá motoristas no futuro”, afirmou Guimarães.

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Fernando Guimarães

A pauta tecnologia também foi ressaltada pelo diretor como forma de promover uma operação mais otimizada, com rentabilidade e eficiência. “A tecnologia promove melhor qualidade de vida para os condutores. Veja a caixa automatizada Scania Opticruise, por exemplo, que permite uma condução mais facilitada. Os ônibus têm mais potência, menor consumo de combustível, a velocidade média aumentou e há mais controle da velocidade de cruzeiro, tudo graças ao avanço da tecnologia”, observou o executivo.

Para 2019, o Grupo JCA pretende novamente investir na renovação de sua frota, com a aquisição de 250 novos ônibus, que por sinal também serão da marca Scania. Perguntado sobre quais são os critérios levados em consideração no momento de escolha de uma marca de veículos, Guimarães disse que o custo total de operação é o principal mecanismo de avaliação dos modelos para quanto a renovação da frota. “São vários os dados que cruzamos, como o melhor custo por quilômetro em oito anos de operação, a disponibilidade dos veículos, o tempo de manutenção, disponibilidade por treinar nossa mão de obra, principalmente os profissionais da área de manutenção, assistência técnica e valor de revenda. Por meio dessa metodologia chegamos à decisão por uma determinada marca”, explicou.

O mercado no ano passado

A Scania comercializou 702 chassis rodoviários em 2018, aspecto que manteve a marca na vice-liderança desse setor pelo segundo ano consecutivo, em um mercado que emplacou 3.320 unidades (em 2017 foram 1.990). “O discurso positivo do novo governo sobre a política econômica brasileira já é suficiente para animar o mercado”, disse Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil.

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Silvio Munhoz

Dentre as principais vendas de ônibus rodoviários realizados pela montadora no ano passado estão: 53 unidades do modelo K 400 6×2 para a Gontijo, 25 chassis K 360 6×2 para a Real Maia e outros 25 K 360 4×2 para o Grupo Vida, 24 unidades do K 360 6×2 para a Viação Progresso, 20 unidades do K 360 4×2 para a Viação Santa Cruz, 20 unidades do K 360 4×2 de 14 metros para a Viação União Santa Cruz, 20 unidades do modelo K 360 4×2 para a Breda Transportes e 20 K 360 6×2 para a empresa Boa Esperança. “Para 2019, tenho uma expectativa positiva quanto ao setor de fretamento, que dá sinais de recuperação, e no investimento por parte do operador em tecnologias, como os serviços conectados para uma melhor gestão da operação e dos planos de manutenção, representando ganhos muito importantes aos serviços, como segurança e economia de combustível”, ressaltou Munhoz.

Imagens – Scania

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Ônibus movido a biometano, por Juliana Sá, Relações Corporativas e Sustentabilidade na Scania

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