Há poucos dias, a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) divulgou um documento nacional com a referência sobre a crise em que vive o transporte público brasileiro (antes, durante e o que será no pós-pandemia). De acordo com o texto é inevitável rever toda a prestação de serviço de Transporte Público Coletivo, sendo que o problema, portanto, precisa ser assumido e enfrentado pelo conjunto das forças econômicas que é afetado pela prestação desse serviço. É necessário que todos os atores sociais assimilem, como sua parcela de responsabilidade, aquilo que o mundo técnico já compreendeu há muito tempo: a dinâmica econômica das cidades e sua sobrevivência como lócus de desenvolvimento e sustentabilidade, bem como da qualidade de vida urbana – objetivo maior de toda a sociedade – dependem, fundamentalmente, de um transporte público universal e de qualidade. Não por outro entendimento, a Constituição Federal o consagrou como um dos direitos sociais dos cidadãos.

Este editor, por intermédio da revista AutoBus, e com a ajuda de Roberto Berkes, especialista no assunto transporte coletivo, teve a iniciativa, há mais de três anos, de formatar um grupo de discussão com o intuito de resgatar a imagem do modal ônibus urbano, reunindo em algumas reuniões diversos atores envolvidos com o setor.

Por meio de alguns manifestos, procurou mostrar a urgente necessidade para que os serviços de ônibus fossem modernizados e atrativos, uma maneira para que os passageiros e toda a sociedade os distinguissem de forma diferente. O objetivo era trabalhar em conjunto com todos os segmentos comprometidos com a essência da mobilidade coletiva sobre pneus. Infelizmente não alcançou sucesso com o seu ideal pela falta de apoio de alguns setores. Quem sabe agora, a proposta da referida entidade de defesa do transporte possa obter um maior suporte visando um transporte digno, econômico e ambientalmente sustentável. Será preciso muito esforço diante desse desafio presente na estrutura das cidades.

Claro que a aspiração da revista AutoBus não caiu no ostracismo. A concepção visando essa renovação do modal, por meio do trabalho em conjunto, com a criação de um grupo de defesa ao ônibus, continua no radar deste editorial. Se não formalmente (por meio de uma entidade representativa), a revista, com o seu jornalismo propositivo, sempre ressalta a importância do transporte coletivo feito pelo ônibus no desenvolvimento urbano, modelo essencial em termos ambientais e sociais.  

Por que não determinar aos ônibus os mesmos méritos que os sistemas de metrôs e VLT´s possuem? Os modais sobre trilhos são sempre valorizados por suas imagens de vanguarda e o ônibus continua sem ter um devido reconhecimento. Vamos mudar essa imagem.

Antonio Ferro

Editor