Ônibus movidos a bateria

No assunto da mobilidade urbana, está em pauta uma transição que busca o maior investimento em modelos de trações com baixo ou nenhum impacto para o transporte coletivo

Até o ano de 2025, há uma estimativa que cerca de 160 mil ônibus elétricos deverão estar em operação pelo mundo. Se hoje, 2.200 unidades já foram comercializadas na Europa e outras 400 mil estão espalhadas pelo mercado mundial, sendo 99% na China, teremos uma maior evolução neste segmento. É o que diz o estudo “O Mercado de Ônibus Elétrico Europeu: Perspectiva da Indústria”, realizado pelo Interact Analysis, instituto internacional de pesquisa de mercado para o setor de automação inteligente.

A poluição oriunda dos sistemas de transportes urbanos acomete a saúde de milhares de pessoas anualmente em médias e grandes cidades pelo mundo. É de conhecimento que as emissões poluentes dos motores de combustão interna provocam um expressivo número de óbitos e de casos de doenças respiratórias, atuando silenciosamente com consequências negativas na qualidade de vida da população.

Dentre os mecanismos para mudar esse quadro, o maior uso do transporte coletivo e a adoção de trações alternativas são consideradas algumas soluções para se alcançar um ambiente mais limpo. No assunto da mobilidade urbana, está em pauta uma transição que busca o maior investimento em modelos de trações com baixo ou nenhum impacto negativo no segmento de ônibus por meio da eletrificação dos sistemas.

Ônibus movidos a bateria

E é nesse contexto que o estudo “O Mercado de Ônibus Elétrico Europeu: Perspectiva da Indústria”, realizado pelo Interact Analysis, instituto internacional de pesquisa de mercado para o setor de automação inteligente, mostra como está a indústria do veículo e seus mercados. Em 2018, a Europa absorveu 650 ônibus movidos a baterias, sendo as fabricantes VDL Bus & Coach e Solaris Bus & Coach os principais nomes que comercializaram seus veículos naquele mercado, com 15% e 14% de participação, respectivamente. Logo atrás, a parceria entre as marcas britânica Alexander Dennis e a chinesa BYD (20% no total), seguem com o intuito de aumentar sua participação nas vendas. Aliás, a BYD já inaugurou sua planta na França, fato que dará uma boa mexida nos números de produção. A sueca Volvo também está ávida por um melhor marker share em 2019 (entre 2017 e 2018 a montadora produziu mais de mil unidades híbridas e elétricas), assim como Iveco Bus e sua subsidiária Heuliez Bus buscam novos negócios.

Neste ano e nos próximos, outros grandes fabricantes entram no jogo, como a Mercedes-Benz, Scania, Irizar e MAN, todos trazendo seus desenvolvimentos e tecnologias para disputar cabeça a cabeça esse que tende a ser o principal conceito dentro da lógica do transporte público. Não é possível deixar de lado outros nomes da indústria chinesa, que não querem ficar apenas no mercado doméstico, para assim alçar voos mais altos em outras regiões.

O estudo mostra a iniciativa de algumas importantes cidades europeias quanto a investir em frotas de ônibus elétricos, impulsionada por políticas públicas compromissadas com o meio ambiente. E meados da década de 2020 será um período para que a transição ganhe força. Paris (França) objetiva ter 80% de ônibus elétricos em sua frota até 2025. Barcelona (Espanha) prevê 8% de ônibus elétricos até 2024, Londres (Inglaterra) quer atingir uma frota totalmente limpa até 2037, enquanto que Bruxelas (Bélgica) prevê o ano 2030 e Gotemburgo (Suécia) terá seu sistema de transporte público movido com energias renováveis até 2025. Além do que, outras cidades também contam com seus planos de transporte limpo.

Há que se levar em consideração alguns aspectos que ainda influenciam diretamente em toda a cadeia de produção e operação dos ônibus elétricos. De acordo com o referido estudo, algumas questões devem ser respondidas para que o desempenho, a produtividade, a confiabilidade e a viabilidade econômica possam ser obtidas. Não há dúvidas que os ônibus elétricos são vistos como uma das soluções para a má qualidade do ar nas cidades. Além disso, a economia de combustível, a redução de CO² e a promoção de um ambiente de qualidade são pontos bem favoráveis à maior utilização comercial dos veículos.

Ônibus movidos a bateria

Porém, há outras condições determinantes que envolvem a operação e ainda devem ser lembradas, como o alto custo de aquisição da tecnologia; a infraestrutura necessária, tanto para as recargas elétricas nas garagens ou em locais públicos; a ainda subvenção pública aos serviços; o maior desempenho das baterias, eficiência energética e a autonomia veicular.

O contexto ambiental também nos faz pensar se a fonte produtora de eletricidade tem um caráter sustentável, se ela é limpa (hidrelétrica) ou poluidora (carvão).

Além de China, com uma consolidação da tecnologia por meio de seus quase meio milhão de unidades, a Índia tem uma outra importante demanda nessa direção para a eletromobilidade, com uma perspectiva bem interessante em volumes. Já América do Norte (apesar dos preços dos combustíveis fósseis estarem atrativos) e América Latina, também são dois potenciais mercados que podem impulsionar expressivamente a comercialização de ônibus elétricos a baterias durante os próximos anos. A decisão pela redução das emissões poluentes vindas do transporte e o compromisso ambiental tem um significativo apelo por uma transformação na matriz energética dos ônibus. E não nos esqueçamos, que outra versão de ônibus elétrico, o trólebus, também tem seu lugar garantido nas áreas urbanas, em mercados e regiões bem específicas, que atendam suas condições técnicas. O mundo se mobiliza para modelos de transporte sem emissões poluentes e o Brasil precisa seguir esse caminho. A saúde humana agradece.

Imagens – TMB Barcelona e Interact Analysis

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