O gás da Agrale na Argentina

Montadora brasileira está com seu ônibus urbano em provas na cidade de Buenos Aires, com um olhar bem atento para outros mercados que tenham a intenção de incorporar novos combustíveis alternativos ao diesel

Há poucos dias começou a operar comercialmente na capital portenha um modelo de ônibus urbano equipado com a motorização a gás natural desenvolvido pela marca brasileira Agrale. Tal veículo está participando do programa de avaliação de tecnologias limpas no transporte coletivo local, uma iniciativa da prefeitura de Buenos Aires quanto a reduzir os impactos negativos causados pela poluição vinda dos sistemas de transporte.

A experiência da montadora com o gás natural data de 2001, por meio do envolvimento no projeto e criação de um veículo com motor movido pelo referido combustível. “Houve naquela época um interesse muito grande por parte do Governo Federal em utilizar o gás natural no transporte público. Depois que o governo nos incitou à essa demanda, apresentamos um 2003 um chassi para micro-ônibus MA 9.2 GNV Green como resposta ao que nos foi desafiado”, lembrou Edson Ares Sixto Martins, diretor comercial da Agrale.

Porém, o lado positivo e ambiental não foi suficiente para a sustentabilidade do negócio, sendo que a parte governamental não manteve seu compromisso em investir em combustíveis alternativos, deixando o gás natural sem espaço na matriz energética do transporte.

Isso não impediu que a Agrale continuasse a trabalhar com a ideia de promover a tecnologia do gás em seus veículos. Em 2008, depois de implementar a unidade de produção em solo argentino, a fabricante iniciou o desenvolvimento de modelos com motorização traseira, para atender o mercado local, principalmente Buenos Aires. Com isso, toda uma geração de chassis MT foi apresentada naquele país. “Depois de estarmos consolidados no mercado da Argentina, fomos provocados, há três anos, para criar uma versão movida a gás, nos mesmos moldes dos veículos que fornecemos, com motor traseiro, piso baixo, suspensão pneumática e transmissão automática. Desafio aceito em virtude da descoberta de grandes reservas de gás que podem estimular o mercado na área de transporte”, observou Martins.

O gás da Agrale na Argentina
Edson Martins, diretor comercial da Agrale

O executivo disse estar otimista quanto ao futuro, não só da Argentina, como também do Brasil, que vive uma expectativa para que o gás natural possa estar presente no transporte coletivo urbano. “Ainda não posso revelar, mas a Agrale está trabalhando muito forte em novas formas de viabilizar uma sistemática de transporte público em centros urbanos utilizando gás natural e biometano. Existe, hoje, viabilidade econômica para isso”, ressaltou Martins.

Dentro dessa lógica de transformar o gás natural competitivo no mercado brasileiro, o biometano é, também, um fator muito favorável no tocante a fazer parte da área energética da mobilidade. “Acreditamos nesse biocombustível por seu caráter de resolver e equacionar os problemas ambientais”, sintetizou o diretor da Agrale. Segundo ele, o tema está no radar da montadora e dentro de breve o conceito será demonstrado para o poder público, revelando na prática todas as suas vantagens. Antes de se tornar biometano, o biogás poderá ser gerado dos aterros sanitários, do tratamento de esgoto e da transformação de alimentos e dejetos.

O gás da Agrale na Argentina

Mesmo que no passado o tema gás natural não tem um histórico positivo, Martins comentou que hoje a realidade é outra, se mostrando competitivo. De acordo com ele, isso gerou muita insegurança no mercado. “Temos que resolver as dúvidas sobre a disponibilização e a questão do preço do combustível. Ao definirmos isso, com certeza alcançaremos condições propícias para o uso comercial”, disse.

Num panorama de mercado até 2030, seguindo as estratégias de redução das emissões poluentes que serão adotadas em âmbito municipal, o executivo da Agrale falou que a eletromobilidade é um aspecto que também está na ordem de planejamento e desenvolvimento de veículos com tração alternativa, com testes sendo realizados. “Vou dizer que o gás natural ou biometano são combustíveis para o presente e o veículo elétrico para o futuro. Neste curto prazo, conseguiremos provar que os custos operacionais do gás são muito mais atrativos do que a eletricidade no transporte. Trata-se de uma solução viável. Entretanto, observo que no futuro haverá uma convivência paralela entre as tecnologias em prol do meio ambiente”, finalizou.

Características

Motor – FPT Cursor 8 de 272 cv (Euro VI)

Torque máximo – 1.100 Nm

Transmissão – Allison T 310R

Autonomia – entre 250 km e 300 km

Armazenamento do gás – 4 tanques de fibra de carbono da Noruega com capacidade total de 200 metros cúbicos

Tempo de abastecimento – entre 10 e 12 minutos

Comprimento total – 12 metros

Capacidade – 80 passageiros

Imagens – Divulgação

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