Gás natural e biometano, sinergia para um transporte sem emissões poluentes

Em tempos de transição energética para garantir um amanhã livre da poluição e suas consequências nefastas à saúde pública, dois tipos de combustíveis apresentam-se como alternativa viável para os sistemas de transporte coletivo sobre pneus

Editorial

Recentemente, a Associação Colombiana de Gás Natural (Naturgas) solicitou à prefeitura de Bogotá (Colômbia), incluir todas as tecnologias de baixa ou nenhuma emissão no processo de licitação para renovar os ônibus urbanos do SITP (Sistema Integrado de Transporte Público). A entidade pede que, em linha de sua defesa do mercado de gás e com os argumentos da qualidade do ar e da competitividade comercial, os veículos equipados com propulsores a gás natural Euro VI possam participar em todas as etapas dessa licitação.

Segundo o presidente da Naturgas, Orlando Cabrales Segovia, tanto a opção da eletromobilidade, como o uso do gás natural, podem apresentar benefícios similares na redução das emissões dos gases tóxicos no ambiente urbano. Ainda, de acordo com a associação, com a utilização do gás para mover os veículos há uma diminuição de 100% nas emissões de material particulado e de mais de 75% de óxido de nitrogênio, além da redução de 30% do dióxido de carbono.

Segundo ela, por meio de uma análise realizada pela empresa Economica Consultores, optar por frotas elétricas implica elevar as tarifas do transporte público (309 pesos – R$ 0,36 – por viagem em um ônibus de pequeno porte, 151 pesos – R$ 0,18 – em uma versão Padron (12 metros) e 207 pesos – R$ 0,25 – no modelo articulado) ou destinar recursos adicionais do poder público municipal para subsidiar os serviços.

A Colômbia tem um potencial muito significativo na exploração do gás natural. Possui reservas em sua extensão em terra e mar, contando ainda com o fraturamento hidráulico das rochas de xisto. A frota local de veículos comerciais é composta por 1.000 unidades, incluindo ônibus, caminhões de lixo e outras versões. Lembrando que o sistema de corredores de ônibus Transmilenio de Bogotá terá, dentro de mais alguns meses, 741 novos veículos (chassis articulados e biarticulados da marca Scania com motores Euro VI) movidos com o combustível.

Momento para o biometano

O portal espanhol Energias Renováveis destacou recentemente que, apesar do mundo ter um potencial bem significativo na produção de biogás, somente 2,2% desse combustível é utilizado na matriz energética. O biogás, que depois é transformado em biometano, tem alta capacidade de reduzir as emissões poluentes vindas do segmento de transporte. Sua produção alcança um efeito muito positivo ao meio ambiente, pois utiliza a decomposição de resíduos agrícolas e urbanos, excrementos de animais, a lama do esgoto sanitário e a vinhaça da cana-de-açúcar (produtos que são descartados sem controle e provocam efeitos negativos à todo o Planeta) contribuindo com a neutralização do CO² (dióxido de carbono).

Gás natural e biometano, sinergia para um transporte sem emissões poluentes
Usina de produção de biogás

Explorar sua capacidade é de extrema importância neste momento onda a busca por combustíveis limpos cadência o ritmo da revolução por um ambiente descarbonizado. O Brasil pode fazer sua parte ao incentivar a produção do biogás para ser usado em diversos setores, inclusive o do transporte. Para isso, precisa nortear essa aplicação no mercado com a adoção de políticas públicas para elevar a participação do biocombustível no desenvolvimento sustentável, atendendo de forma satisfatória seu compromisso com o acordo de Paris firmado em 2015.

Lembrando que o País tem um potencial para produzir 120 milhões de m³ de biogás por dia, vindo dos setores da agroindústria, sucroenergético e do saneamento urbano, volume que se transformado em biometano é capaz de substituir 70% do diesel utilizado na matriz energética do transporte sobre pneus (dados da ABiogás, Associação Brasileira do Biogás).

Pensar nessas duas formas de combustíveis para a mobilidade urbana não significa ir na contramão do que o futuro nos direciona quanto a trações mais limpas, diga-se eletricidade, modalidade que para muitos é a única a ser adotada no panorama do transporte. Até a eletromobilidade estar totalmente consolidada, outras tecnologias e combustíveis podem ter espaço garantido em meio a uma diversidade de culturas, de aspectos econômicos e da geração energética.

Outro fato a ser observado é que, tanto o gás natural, como o biometano, podem gerar energia elétrica para a tão comentada e solicitada eletromobilidade urbana. Portanto, a sinergia entre esses dois combustíveis representa, em harmonia com a tração elétrica, a amplitude de versões tecnológicas para a redução das emissões poluentes em áreas urbanas. E quanto a questão financeira, muitas informações dão conta que os custos operacionais são menores se hoje comparados aos da tração feita pelo diesel.

Perspectiva positiva

O Governo do Brasil anunciou recentemente sua intenção em promover o maior uso do gás natural em veículos comerciais. Para isso planeja estimular a cadeia comercial do combustível visando abastecer o transporte de cargas (uso em caminhões), uma forma de reduzir o custo do frete. De carona, essa proposta poderá servir para o transporte urbano de passageiros, fato que demandará a formação de uma política energética específica identificada com as necessidades e a viabilidade do segmento.

O mercado necessita de segurança, regulação e flexibilidade. Contudo, também deve haver mecanismos para o operador do ônibus alcançar vantagens ao investir em tecnologias alternativas ao tradicional diesel. Só assim o gás natural será uma opção exequível em prol do desenvolvimento urbano sustentável.

Imagens – Reprodução

A melhor maneira de viajar de ônibus rodoviário com segurança e conforto

Ônibus movido a biometano, por Juliana Sá, Relações Corporativas e Sustentabilidade na Scania

Posts Recentes

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *