Cultura no ponto

A estimativa é que a população de Atibaia teve acesso a pelo menos 45 mil livros por meio do projeto nos últimos quatro anos

O ato de aguardar a chegada do ônibus ao ponto pode apresentar uma experiência bem agradável para o passageiro. Apesar de ser reconhecido como um local onde há pouca valorização espacial, com uma simples cobertura e um banco nada confortável (há muitos casos que a estrutura oferece apenas um pedaço de madeira fincado no chão com o dizer ônibus), a mobilização por lugares com melhores condições se faz presente em nosso cotidiano.

É o caso da pedagoga e fotógrafa de Atibaia (SP), Cristiane Garcia, que viu nos pontos de ônibus uma oportunidade para distribuir cultura. Tudo começou em 2016, quando ela abriu uma loja de roupas e percebeu que, como educadora, só aquele universo não a satisfazia. Então teve a ideia de disponibilizar na entrada da loja caixas customizadas com diversos tipos de livros disponíveis para a população em geral. “A minha ideia era fazer o livro circular por todos os lugares. Assim sendo, fiz propaganda em redes sociais pedindo doações e contando sobre o projeto. As pessoas podiam passar na porta da loja e usufruir de todo aquele material, pois as caixas ficavam fora. Podiam levar embora, trocar, devolver. Era completamente livre”, disse Cristiane.

O sucesso chegou e a ideia de expandir o projeto para os pontos de ônibus também ganhou novos contornos. Ela e o marido fizeram caixas de madeira, que instalaram nos pontos e iam colocando os livros lá, em média duas vezes na semana. “O projeto permanece funcionando até hoje com a ajuda da população, que faz as doações dos livros que já não interessam mais e com o interesse do público na leitura. Ele é um sucesso!!! Muitas pessoas me procuram, pois fazem questão de me entregar as doações em mãos, embora possam levar diretamente nos pontos de ônibus. As mídias estão também muito empenhadas em mostrar este trabalho. Fiz algumas entrevistas como Atibaia News, TV Cultura e a TV Vanguarda”, ressaltou a pedagoga.

Cultura no ponto
A pedagoga em frente a sua criação

Apesar do lado positivo dessa proposta, Cristiane disse também a parte complicada do projeto é a falta de incentivo dos órgãos públicos. Todo o inves-timento é voluntário e as custas, como caixas, tintas para a pintura, parafusos e buscar e levar os livros nas caixas, são cobertas por ela. “Sinto um pouco de falta de interesse vindo da prefeitura de Atibaia. Quando trocaram os pontos de ônibus, todo meu material foi jogado fora. Acho que se houvesse o interesse podíamos fazer caixas especificas para os pontos novos e continuaria a abastecer toda semana”, observou.

Um aspecto que envolve essa estrutura é sobre o vandalismo, que não acontece muito, na visão dela. “As pessoas não costumam ter o hábito de limpar as caixas e arrumar, mas eu faço este trabalho. O importante é que não há depredação”. No tocante à pandemia, a fotógrafa comentou que na época em que os ônibus estavam com fluxo menor de passageiros, teve uma diminuição na rotatividade dos livros. “Porém, nos dias atuais, a circulação voltou com tudo, parecendo até que está com mais acesso, pois a pandemia despertou nas pessoas o gosto pela leitura. Essa é a minha percepção”.

Ainda, segundo Cristiane, a estimativa é que a população de Atibaia teve acesso a pelo menos 45 mil livros por meio do projeto nos últimos quatro anos. “O projeto se identifica com a minha atividade profissional, pois como educadora, atuo na área há mais de 23 anos”, concluiu.

Imagens – Divulgação

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