Corredores de oportunidades

Como podemos nos destacar nesse segmento? Mesmo que atrasados, criar mecanismos e programas para avaliarmos todas as tecnologias de tração disponíveis no mercado

Está logo ali. 2030 é o ano considerado por muitas cidades mundiais como o período para que seus sistemas de transporte coletivo passem a adotar a eletromobilidade de forma definitiva em substituição aos tradicionais modelos de veículos movidos com o combustível fóssil utilizados hoje. Bruxelas, na Bélgica, Berlim, Frankfurt, dentre outras na Alemanha, e Londres (Inglaterra) se manifestaram nesse sentido.

Não é demais saber que há muitas áreas urbanas preocupadas com o futuro, planejando e colocando em prática ações há algum tempo, definidas por meio de políticas públicas inseridas nas questões social e ambiental. Aqui na América Latina, por exemplo, Santiago, capital chilena, tem se mobilizado em direção à eletromobilidade por meio de políticas difundidas pelo governo local. Esse compromisso refletiu no desenvolvimento dos veículos elétricos. A indústria do ônibus o acompanhou e ainda segue passo a passo o processo de criação, produção e domínio da tecnologia, mais precisamente com os modelos movidos a baterias.

Corredores de oportunidades

Há programas governamentais que objetivam incentivar um transporte público livre das emissões poluentes. Para isso, investimentos em pesquisa, fabricação e operação estão na ordem do dia de muitos gestores públicos pela Europa, em todas as esferas governamentais, com participação de universidades, centros de pesquisas e das próprias fabricantes do veículo.

E nós, Brasil, o que pensamos a respeito disso? Afinal, 2030 está separado de 2019 por apenas 11 anos, e ainda não estabelecemos qualquer relação entre sociedade, governo e indústria para que um amplo programa de incentivo ao transporte coletivo limpo seja adotado.

Carregamos o estigma de estar sempre atrás do que é desenvolvido no primeiro mundo, ficando aquém do que é moderno, avançado e eficiente. Não estamos preocupados com o amanhã, trazendo consigo a necessidade de sobreviver hoje. Para não ser injusto com o setor fabricante brasileiro de ônibus, há sim alguns movimentos que buscam desenvolver tecnologias limpas e viáveis para nosso cenário.

No contexto deste artigo, os sistemas de ônibus urbanos apenas cumprem o papel de levar e trazer pessoas, sem se ater a outro fundamento e caráter, o ambiental. É compreensível, pois o financiamento a qualquer novidade passa longe dos propósitos operacionais do agora.

Com isso, perdemos a oportunidade de acompanhar os principais conceitos que permitem um salto tecnológico favorável ao meio ambiente e às pessoas. Se hoje somos conhecidos como um dos principais fabricantes mundiais de ônibus, ao mesmo tempo nossa visão de negócio é de apenas vender, sem acrescentar valor agregado ao modal.

Como podemos nos destacar nesse segmento? Mesmo que atrasados, criar mecanismos e programas para avaliarmos todas as tecnologias de tração disponíveis no mercado. A sustentabilidade ambiental e econômica seriam analisadas para uma coleta de dados que formariam um banco de informações para conhecermos qual ou quais serão as alternativas viáveis para uma nova realidade dos sistemas.

Esse programa de avaliação tecnológica leva em consideração dois campos de provas disponíveis em nosso País. O Corredor Metropolitano ABD, em São Paulo, é uma referência em serviços de ônibus urbanos, com características bem interessantes, como a prioridade na operação e sua área de atuação, com possibilidade para os testes com diversos tipos de tração – elétrica, gás natural/biometano, biodiesel e etanol.

O sistema curitibano, com sua rede de BRT, também vem de encontro ao que é proposto neste artigo, com suas peculiaridades e por ser reconhecido como o sistema que gerou um novo conceito ao transporte feito pelo ônibus.

Por que ninguém pensa nisso? Ou se pensa, porque não colocou em prática? O que falta para essa concretização? Nesse tempo todo desperdiçado, o lado comercial prevaleceu ante os benefícios que poderiam ser alcançados? A ingenuidade pode até dar o tom na estrutura destas perguntas. As respostas, porém, precisam ir além das simples palavras para a efetivação de uma mobilidade limpa, eficiente e avançada. Até 2030 temos muito a fazer, sair do tradicional, inovar, porque o tempo corre.

Imagens – Metra e Pedro Ribas

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