Células a combustível – tendência de mercado

Ao escolher uma solução de transporte livre de emissões, as cidades e os operadores de transporte urbano consideram principalmente os custos de investimento inicial por veículo

Neste espaço, vamos reproduzir um artigo feito por Yane Laperche Riteau, que atua no setor de células a combustível da empresa IdaTech LLC. Segundo ela, em seu editorial, o mercado de transporte coletivo urbano pode escolher entre duas versões de ônibus elétricos, 100% a baterias ou equipados com a moderna tecnologia das células a combustível, sendo o hidrogênio o combustível principal para gerar eletricidade.

A especialista destaca em seu texto o uso dessa nova forma de tração veicular em ônibus urbanos na cidade francesa de Pau, com o primeiro sistema de corredores exclusivos dotados da tecnologia. Trata-se de uma tendência que vem ganhando mercado ao longo dos anos, o que pode ser vista em vários exemplos, principalmente no segmento europeu, onde conta com apoio governamental para o desenvolvimento desse novo conceito em tração.

Como as cidades francesas podem avaliar as diferentes opções de ônibus elétricos com emissão zero de poluentes

Para os gerentes de frotas de ônibus do transporte público urbano, a pressão para adotar tecnologias limpas (e não apenas de baixa emissão) está aumentando. Os governos estão estabelecendo metas de emissão zero e fornecendo apoio financeiro para fazer essa transição. Mas as cidades e os operadores de ônibus sabem que as decisões que tomarão agora serão as que terão que conviver na próxima década.

Hoje, no transporte público elétrico com emissão zero, a escolha se resume a duas tecnologias: veículos elétricos a bateria (com recarga tradicional) e o hidrogênio. Então, como as cidades vão escolher? À primeira vista, a opção da bateria é atraente, pois o custo inicial do ônibus é menor.

Mas isso não é tudo. No artigo de hoje, explicamos como o transporte público na cidade francesa de Pau seguiu uma abordagem estratégica para determinar o ônibus mais adequado às suas necessidades. Em vez de considerar apenas o custo do veículo, eles priorizaram os principais requisitos de desempenho e serviço em sua avaliação. Por que a cidade de Pau escolheu uma frota de ônibus elétricos de hidrogênio? Por metas estabelecidas. A partir de agora, ela deve escolher veículos com tecnologia limpa para todas as suas novas aquisições. Ao avaliar o tipo de tração elétrica, a abordagem da cidade levou em consideração a autonomia do veículo, a geografia local e o clima.

Com base nesses critérios de desempenho, a decisão foi clara: as mesmas rotas poderiam ser atendidas com cerca de 40% menos recarga de hidrogênio que a exigida pelas baterias, tendo ainda uma infraestrutura muito mais simples. O resultado?

14 ônibus elétricos com baterias – mais duas estações de carregamento rápido ou oito ônibus elétricos a hidrogênio, com um único depósito de suprimentos. Essa percepção – de que eles poderiam atender às suas necessidades com muito menos ônibus a hidrogênio e infraestrutura mais simples de reabastecimento – teve um impacto significativo em sua avaliação financeira. Como resultado, Pau se tornou a primeira cidade da França – e do mundo – a implantar os ônibus elétricos Van Hool ExquiCity para um sistema de ônibus urbano com alto nível de serviço (BHNS).

As vantagens dos ônibus a hidrogênio vão além de sua longa autonomia. A célula a combustível de hidrogênio é bem conhecida por sua vantagem quanto ao tempo de autonomia da bateria. Para a cidade de Pau, fatores adicionais foram levados em consideração:

Maior autonomia dos ônibus durante as operações – com ônibus a hidrogênio, é fácil estender rotas e horários conforme necessário. Isso nem sempre foi possível com uma solução de recarga elétrica tradicional.

Operação contínua, mesmo em caso de falta de energia: no caso de falha na fonte de alimentação, as recargas de hidrogênio garantem a continuidade do serviço. Por outro lado, as recargas elétricas das baterias não podem ser realizadas quando a rede está inoperante.

Mesmo desempenho de ônibus no verão e no inverno: os ônibus a hidrogênio mantêm seu desempenho mesmo com calor e frio extremos. Por outro lado, a autonomia dos ônibus elétricos a bateria diminui significativamente quando é necessário aquecer os ônibus no inverno ou operar o ar-condicionado no verão.

A frota do sistema de BHNS a hidrogênio de Pau é apenas uma parte do plano da cidade em promover o transporte público e transformar o seu espaço público. Lucie Kempf, gerente de projetos de investimentos patrimoniais do Sindicato Misto de Transporte Urbano Pau Béarn Pyrénées Mobilités, compartilhou esse sentimento sobre o lançamento dos novos ônibus a hidrogênio: “Sim, conseguimos! Hoje, a FEBUS já é um grande sucesso, com 74.000 km em operação comercial. Esse sucesso foi possível graças ao envolvimento exemplar de todos os parceiros do projeto. Gostaria particularmente de agradecer a Ballard por sua capacidade de resposta e comprometimento. A história continua. O próximo ano será muito emocionante, porque agora devemos demonstrar o potencial significativo da mobilidade com o hidrogênio. É um desafio que todos os parceiros estão prontos para enfrentar. Sei que Ballard estará sempre conosco para isso”.

Lições da abordagem de Pau

Outras cidades da França podem aprender com a visão de longo prazo de Pau e a abordagem usada. A França está bem posicionada para fazer a transição para o transporte público de emissão zero usando o ônibus de hidrogênio:

O governo francês incluiu o hidrogênio em seu plano de transição energética, enfatizando a mobilidade em várias regiões.

O hidrogênio está amplamente disponível na França e o país está começando a produzir a versão verde usando energia renovável.

Agora, há uma base de conhecimento sobre ônibus a hidrogênio, após anos de operação, e a oferta de modelos com essa tecnologia está aumentando.

Mais de 90 milhões de euros de financiamento público estão em vigor na França para apoiar a aquisição de ônibus a hidrogênio, fortemente apoiados pelos esforços feitos contra as mudanças climáticas.

O plano de ônibus 1.000 da AFHYPAC (Associação Francesa de Hidrogênio e Células de Combustível) fornece suporte e incentivo adicionais para apoiar a implantação de 1.000 ônibus elétricos a hidrogênio até 2023.

5 razões para incluir o ônibus a hidrogênio em aquisições futuras

Ao escolher uma solução de transporte livre de emissões, as cidades e os operadores de transporte urbano consideram principalmente os custos de investimento inicial por veículo. Mas eles também precisam considerar o custo total do sistema operacional, incluindo os requisitos operacionais e a infraestrutura necessária para o reabastecimento energético.

Para as cidades e regiões que desejam escolher ônibus elétricos, eis cinco razões pelas quais o modelo movido a hidrogênio deve ser incluído nos próximos processos de aquisição:

1. Maior autonomia, com maior flexibilidade de rota: o ônibus a hidrogênio tem autonomia superior a 450 km e pode ser usado em vias de longa distância e restritivas.

2. Desempenho e confiabilidade agora comprovadas: o ônibus a hidrogênio funciona excepcionalmente bem em condições climáticas variadas em todo o mundo. Os ônibus movidos a baterias Ballard atingiram mais de 30.000 horas de serviço sem degradação perceptível nos veículos em serviço em Londres entre os anos de 2011 e 2020.

3. Flexibilidade da infraestrutura de hidrogênio: as estações de reabastecimento de hidrogênio não exigem uma grande atualização da infraestrutura elétrica. Seu tamanho é semelhante ao das estações de abastecimento de GNV e pode mudar facilmente quando a frota de ônibus aumenta.

4. Uma solução sustentável: a célula a combustível de hidrogênio não apresenta sérios riscos ao meio ambiente. Eles são facilmente recicláveis, pois no final de sua vida útil, são recondicionadas e materiais como platina são reciclados.

5. Custo total de propriedade: um relatório divulgado recentemente pela Ballard-Deloitte mostrou que o custo total de propriedade de um ônibus a hidrogênio cairá mais de 50% nos próximos cinco a sete anos. Hoje, o ônibus elétrico a hidrogênio já oferece a solução de emissão zero mais competitiva em regiões onde o hidrogênio renovável de baixo custo está disponível.

Imagem – Keolis/Van Hool

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