Num país como este, de dimensões continentais, pensar apenas em um tipo de tração ou combustível para mover sua frota de veículos comerciais é desprezar toda a sua potencialidade em termos de matriz energética e das possibilidades em tecnologias limpas que apresentam resultados benéficos quanto a redução das emissões poluentes e do aumento de aspectos econômicos.
Eletricidade, biometano, diesel verde e hidrogênio se apresentam como modelos de combustíveis com amplas chances de futuro para o transporte coletivo de passageiros e, também, o de cargas em áreas urbanas, visando ambientes mais limpos, de baixo carbono. Porém, a iniciativa brasileira quanto a aproveitar essa chance de sustentabilidade ambiental não é observada de maneira significativa. Sabemos que essas variedades de tração têm recebido maior atenção por parte de programas governamentais em países desenvolvidos, preocupados com a renovação dos modelos de transporte que impactam negativamente na vida das pessoas.
Aqui, até este momento, nos falta fomento que venha transformar a matriz energética da mobilidade sobre rodas. Os governos, em todas as suas esferas, pouco se movimentaram na direção de instituir metas, planos e projetos racionalizados e viáveis inclusos em políticas públicas em busca da mobilidade com baixo ou nenhum carbono.
Porém, há poucos dias, algo alentador entrou no prisma da sustentabilidade. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a resolução que institui o Programa Combustível do Futuro, que tem como princípio o uso de fontes alternativas de energia e o fortalecimento do desenvolvimento tecnológico nacional. De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a iniciativa também com importantes diretrizes de coordenação interinstitucional e a integração de políticas públicas relacionadas ao setor automotivo e de combustíveis, como o RenovaBio, o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, o PROCONVE, o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, o Programa Rota 2030 e o CONPET.
Em paralelo, foi criado o Comitê Técnico do Combustível do Futuro (CT-CF), que será composto por quinze órgãos e coordenado pelo referido Ministério, cabendo a ele propor metodologia de avaliação do ciclo de vida completo dos combustíveis; recomendar medidas para aproximação dos combustíveis de referência aos combustíveis efetivamente utilizados pelo consumidor, bem como sugerir ações para fornecer ao cidadão informações adequadas para a escolha consciente do veículo em relação aos aspectos de eficiência energética e ambiental.
Um anúncio chamou a atenção, mais precisamente, em eletromobilidade. O presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, concedeu, recentemente, entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em que diz que o futuro está muito claro em sua percepção de negócio voltado para a tração elétrica. Segundo ele, para o transporte público já existe, ativamente, uma negociação com fornecedores da tecnologia e operadores do transporte coletivo. Com isso, até o fim deste ano, surgirá um grande programa de implantação de ônibus elétricos em importantes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Na visão do executivo, não se trata de algo de demonstração, mas do uso comercial de centenas e até milhares de ônibus elétricos.
Caso todas essas ações se concretizem, o Brasil pode se tornar personagem relevante na cena mundial da transição energética dentre os sistemas de transportes.
Imagem – Divulgação
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