Balanço de 2018

Quanto ao processo da licitação dos serviços, aspecto paralisado por algumas liminares, o sindicato aguarda com uma expectativa positiva o desfecho dessa questão.

Como de hábito, o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo), promoveu seu encontro anual com a imprensa especializada do transporte para mostrar seu trabalho e o ponto de vista quanto às questões que envolvem os serviços paulistanos no  decorrer de 2018. Apesar de algumas adversidades ocorridas que influenciaram negativamente no setor, como a greve dos caminhoneiros que promoveu a   parcialidade da operação, e o aspecto quanto aos fluxos de pagamentos dos serviços realizados, houve muita coisa positiva que permitiu um avanço em  termos de melhor atendimento ao usuário.

Balanço de 2018

De acordo com Francisco Christovam, presidente do SPUrbanuss, ainda que os pontos negativos fizeram parte da governança dos serviços durante o ano passado, vale destacar o lado positivo, como um melhor relacionamento com a SPTrans, que é o órgão que gerencia os ônibus urbanos paulistanos, no que tange a razoabilidade e definição de linhas, além da redução de frota em áreas onde não havia necessidade. “Também quero destacar sobre os condutores dos ônibus, principalmente aqueles que dirigem os ônibus maiores. Esses passaram a receber mais atenção, com uma diferenciação salarial na ordem de 10% em relação aos motoristas de outros tipos de veículos. Trata-se de um reconhecimento, afinal, eles conduzem ônibus que custam mais de um milhão de reais”.

Conversar com o engenheiro civil Francisco Christovam é ter a oportunidade de aproveitar um conhecimento ímpar de quem já viveu o lado da gestão pública e hoje atua em nome das empresas concessionárias dos serviços. Com ele, pode-se ter uma real noção do que se passa no sistema de transporte coletivo da capital paulista, que oferece uma complexa operação diária formada por quase 14.200 mil ônibus que transportam por dia seis milhões de passageiros em 9,5 milhões de viagens realizadas.

A entidade também é responsável pela administração de terminais urbanos, 29 ao todo, o que possibilitou a melhora dos serviços e do atendimento à quem os utiliza. Manter em ordem essa infraestrutura exige um trabalho significativo para que os índices de qualidade sejam um diferencial. Christovam lembrou  outros itens que precisam ser implantados para que a operação tenha desempenho, como o sistema de monitoramento obsoleto (medição de viagens), a falta de investimento em infraestrutura (corredores e terminais), a falta de prioridade ao transporte coletivo (faixas exclusivas, compartilhamento) e a chegada de novas tecnologias (desregulamentação). “Quero ressaltar que o  custo operacional é algo que vem crescendo nos últimos anos. Hoje, a produção dos serviços está na ordem de R$ 8,4 bilhões (2019), o valor da arrecadação é estimada em R$ 5,3 bilhões e o valor do subsídio, também estimado, alcança R$ 3,1 bilhões. Infelizmente, os ônibus ainda disputam espaço com outros modais de transporte. Não havendo prioridade operacional, há um desequilíbrio na oferta dos serviços. Um veículo já não consegue fazer duas viagens em um período de tempo. É preciso mais um, pois os congestionamentos não permitem eficiência nos serviços”, explicou o executivo.

No ano passado, 994 novos ônibus entraram em operação e para o começo de 2019, outras 513 unidades chegarão para renovar a frota. 4.484 veículos já  estão equipados com o sistema de ar-condicionado, cerca de 1/3 da frota.

Quanto ao processo da licitação dos serviços, aspecto paralisado por algumas liminares, o sindicato aguarda com uma expectativa positiva o desfecho dessa questão. “Isso nos possibilitará novos contratos, estabilidade e segurança na operação, o que garantirá investimentos e retorno nas atividades das operadoras. A morosidade nesse processo foi muito ruim para todos os envolvidos com o segmento, houve um desgaste muito grande”, observou Christovam. Ele também lamentou que a licitação não permitirá que os          operadores possam contribuir com o desempenho da rede de transporte. “Gostaríamos de poder trabalhar com o conceito objeto fixo de conteúdo variável. Entendo que o modelo da licitação não tem uma visão de futuro, que possa flexibilizar a forma de prestarmos os serviços. Temos regras a seguir e ponto”, disse.

Segundo Christovam, em outras palavras, o poder público ficaria com a prerrogativa e flexibilidade para ajustar os contratos do serviço de utilidade pública e, se necessário à chegada de novas tecnologias ou novos meios de transportes, permitir, por meio do “conteúdo variável”, uma integração com outros modais ou necessidades que venham surgir no futuro em virtude dos avanços na forma de mobilidade. “Em 20 anos, que é o tempo dos contratos, podem surgir muitas novidades que venham facilitar o deslocamento das     pessoas. Poderíamos promover novos mecanismos de mobilidade em paralelo aos nossos negócios”, ressaltou.

A respeito da descarbonização dos futuros ônibus, com tecnologia de tração limpa, fato que envolve a transformação da matriz energética da frota paulistana, o presidente do SPUrbanuss comentou que para se alcançar esse aspecto, atendendo as exigências da lei municipal do clima, é preciso uma avaliação no que diz sobre três pilares fundamentais, que são disponibilidade, razoabilidade e confiabilidade tecnológica. “É preciso definir o tema da tração alternativa ao diesel para alcançarmos a solução que mais seja viável para as características de São Paulo. A cidade é uma vitrine brasileira sobre transporte, mas temos que alcançar algumas respostas, dentre elas, referentes ao custo operacional e de compra dessas novas tecnologias”, explicou Christovam.

Imagens – Arquivo SPUrbanuss

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