O VI Salão do Automóvel – Linhas marcantes nos ônibus

Um brilho a mais no importante evento de apresentação da indústria brasileira automobilística

Resgate histórico

Em 1968, este jornalista que lhes escreve, nasceu. O ano também foi merecedor de um importante destaque na indústria brasileira de ônibus, por intermédio da apresentação de uma renovada geração de veículos no VI Salão do Automóvel, realizado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 23 de novembro e 8 de dezembro.

A mostra reafirmou o empenho das fabricantes nacionais de chassis e carroçarias em criar e promover os melhores produtos para a época, com atenção aos detalhes de acabamento e nos componentes que proporcionavam conforto e segurança nos segmentos urbano e rodoviário.

Naquele ano, mais de um milhão de pessoas foi conferir as novidades em veículos automotores produzidos aqui, sendo os ônibus uma parte especial do evento paulistano. Dentre os veículos expostos, este registro histórico realça as presenças do modelo rodoviário Caio Gaivota, que então apresentara nova grade e faróis dianteiros, e o Bela Vista rodoviário, também da Caio, com amplas janelas e teto retilíneo.

Ônibus rodoviário Presidencial, da extinta marca Grassi

Já a carioca Ciferal, depois de apresentar um protótipo ousado e avançado de carroçaria rodoviária em 1966, lançou o seu modelo Lider 2001 sobre plataforma Magirus-Deutz, com elementos estruturais e de fechamento inovadores, como o duralumínio (uma constante nos produtos da marca) e a fibra de vidro em algumas partes do modelo. Internamente, muito conforto pelas novas poltronas, com tecido importado, toalete e sistema de ar-condicionado, também importado, acionado por motor a gasolina. Havia ainda o sistema de chamada da rodomoça, que era luminoso ou sonoro.

A encarroçadora do Rio de Janeiro também expôs o outro modelo rodoviário, chamado de Flecha de Prata, nos estandes da Mercedes-Benz e Magirus-Deutz. Tempos depois, essa carroçaria deixou de ser produzida pela fabricante.

A paulistana Grassi compareceu à mostra com duas versões, uma para uso urbano (Governador) e outro de aplicação rodoviária (Presidencial), este com linhas externas bem inusitadas na estética e acabamento interno primoroso – bar, geladeira, poltronas reclináveis, toalete e cabine de separação do posto do motorista e salão de passageiros. A empresa focou que seu modelo ainda era de reduzido peso e bem resistente para as operações estradeiras.

O Salão de 1968 foi o grande trunfo da encarroçadora gaúcha Nicola para revelar seu mais moderno veículo na ocasião, visando a operação rodoviária. Seu modelo, denominado Marcopolo, foi ressaltado de maneira fora do comum, com grande apelo em marketing, para conquistar o segmento.

A Nicola começava a sua transição para ser conhecida como Marcopolo

A carroçaria possuía um projeto arrojado, fruto do departamento de engenharia da empresa em promover o novo conceito estético e de componentes que proporcionassem maior conforto e segurança aos passageiros. Desse modo, a criação repercutiu, positivamente, no ambiente da mostra paulistana, chamando a atenção do público e dos empresários do setor.

Do nome da carroçaria para o nome da encarroçadora. A partir de 1971, a designação Marcopolo substituiu a marca Nicola, abrindo caminho para se tornar, muitos anos depois, num grande e importante fabricante mundial de ônibus.

Outra encarroçadora paulistana, a Striuli, focou sua atenção no modelo de carroçaria urbana Granluce, generosa área envidraçada e desenho externo com linhas retilíneas. O para-brisa era construído em duas peças, proporcionando uma estética inovadora e singular no mercado. A marca também expôs suas carroçarias rodoviárias, com evidente visual determinado pelo teto formado por dois planos, janelas laterais inclinadas e chapeamento corrugado.

Novos ônibus da Striuli para operações urbanas e rodoviárias

Dentre as fabricantes de chassis, Mercedes-Benz e Magirus-Deutz foram as marcas que se sobressaíram no Salão, apresentando novos produtos, como a plataforma O-326, derivada do modelo integral com o mesmo nome, para o encarroçamento de terceiros, produzida pela fábrica da estrela de três pontas. Já a Magirus, novata no mercado (iniciou sua produção no mercado brasileiro em 1967, na Bahia), salientou seus produtos (chassi e plataforma) em vários estandes de encarroçadoras, sob modelos urbanos e rodoviários.

Plataformas O-326 de Mercedes-Benz para o encarroçamento

O Salão do Automóvel de 1968 foi o último realizado no Parque do Ibirapuera. A partir de 1970, as edições aconteceram no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte da capital paulista.

Imagens – Acervo Tony Belviso e Memória Marcopolo

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