Vilão da saúde pública

O estudo revela como principais ganhos da mudança da fase o saldo positivo de R$ 68 bilhões em produtividade; cerca de 148 mil mortes evitadas; economia aproximada de R$ 575 milhões fruto da não internação hospitalar de 155 mil pessoas

A poluição vinda dos veículos automotores, principalmente dos modelos comerciais movidos a diesel, é um dos malefícios que mais afetam a saúde dos cidadãos das grandes cidades brasileiras. Para mudar esse quadro tenebroso, a adoção de modelos limpos de mobilidade, livre das emissões poluentes, tem de ser adotada ou pelo menos já deveria estar em uso. Para o Instituto Saúde e Sustentabilidade, uma das alternativas que podem reduzir esse impacto negativo é que a partir de 2022 o Brasil passa a adotar novas regras do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE) para veículos comerciais pesados movidos a diesel, conhecida como fase P8, equivalente às normas Euro VI.

De acordo com a entidade, dentre as principais mudanças estão a definição de metas mais restritivas para a emissão de poluentes atmosféricos oriundos da combustão do diesel e a exigência da adoção de motores menos poluentes e de tecnologias mais avançadas. Em recente estudo, o Instituto fez uma previsão dos possíveis impactos que a medida trará em termos de ganhos de saúde, para a população, e financeiros, para os cofres públicos e privados no decorrer dos próximos 30 anos, contabilizados de 2023 – ano de implantação dos limites máximos de emissão de escapamento para veículos pesados já homologados – até 2050. Com a substituição gradual da frota durante o período, o estudo revela como principais ganhos da mudança da fase: saldo positivo de R$ 68 bilhões em produtividade; cerca de 148 mil mortes evitadas; economia aproximada de R$ 575 milhões fruto da não internação hospitalar de 155 mil pessoas. As estimativas apresentadas pelo referido estudo são projetadas exclusivamente para seis regiões metropolitanas brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba e Porto Alegre.

Segundo Evangelina Vormittag, médica e diretora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, a poluição gerada pelo material particulado é associada ao aumento de casos de derrame cerebral, infarto do coração; doenças pulmonares como pneumonia, bronquite e asma; e câncer do pulmão e bexiga, entre outras doenças, afetando especialmente as crianças e os idosos. “A mudança ajudará o Brasil a adequar-se ao Acordo de Paris e, como aponta a própria OMS, revelará tanto os benefícios para a saúde das pessoas quanto a respectiva de economia do dinheiro público”, destacou ela.

Ao adotar a norma Euro VI para seus veículos comerciais, mesmo que tardia, o Brasil poderá dar um grande salto, acompanhando os países desenvolvidos no quesito ambiental, com resultados positivos aos habitantes urbanos. Vormittag foi enfática ao dizer que o adiamento da implantação atende exclusivamente a interesses econômicos, já que não há empecilhos do ponto de vista da disponibilidade de tecnologias e inovações. “Para manterem-se competitivos no mercado global, os fabricantes e montadores com produção instalada no Brasil já desenvolvem veículos pesados concebidos com a tecnologia Euro VI, comercializados apenas para exportação e atendendo inclusive às exigências de países vizinhos como o Chile e a Colômbia. No Brasil, contudo, ainda comercializam uma tecnologia defasada com alto impacto em saúde”, observou.

Um dado alarmante é que a maioria das cidades apresenta níveis de qualidade de ar que excedem os limites de segurança preconizados pela Organização Mundial de Saúde, OMS. A Universidade de Chicago revela que a população mundial perde quase dois anos em expectativa vida devido a inalação constante de poluentes, índice maior do que o atribuído ao uso do cigarro, que reduz em média 1,6 anos de expectativa de vida dos fumantes. Contudo, diferente do uso do cigarro, o indivíduo não tem o controle a poluição do ar, que é um problema ambiental que atinge 92% da população global, segundo a OMS.

O levantamento do Saúde e Sustentabilidade mostra que o atraso de três anos (de 2020 a 2023) levará a morte prematura de 10 mil pessoas com um gasto público e privado para o sistema de saúde da ordem de R$ 4,6 bilhões e o um custo adicional de R$ 36 milhões oriundos de aproximadas 10 mil internações hospitalares.

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